Um ano feliz para as crianças com pé torto no Brasil Programa Erradicando o pé torto não tratado no Brasil – do HSPE para o Brasil

Autores

  • Monica Paschoal Nogueira Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, SP, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.61443/rto.v23i4.446

Resumo

Nesse último novembro de 2023, no pré congresso do CBOT em Brasilia realizado no Sarah, com a coordenação do Dr Gleiser José Piantino Lemos, fizemos o fechamento do Programa Erradicando o Pé Torto não tratado no Brasil. Esse foi um Programa que nasceu a partir do ambulatório do HSPE, no Grupo de Infantil e Reconstrução, uma clínica de referência para o tratamento de pé torto.

O Programa Erradicando o pé torto no Brasil surgiu a partir de uma iniciativa dos ortopedistas brasileiros da Ponseti Brasil junto ao Rotary International (GG1638412 – 200 mil U$) para a criação de uma rede nacional de clínicas de referência públicas para o tratamento do pé torto congênito. A Ponseti Brasil trabalha como um braço da Ponseti Internacional para a difusão e a aplicação correta do Método Ponseti no tratamento do pé torto.

O Programa consistiu no treinamento de 52 ortopedistas que já atendiam crianças com pé torto, e já trabalhavam em um serviço público. Ele ocorreu de 2016 a 2018. Os “treinandos”, de diversas regiões do Brasil ficaram 5 dias em contato direto com seus professores e aprenderam o tratamento do pé torto de forma individualizada. Esse é um modelo baseado em MENTORIA, com um vínculo aluno-professor que continua após a semana de mentoria. Houve um curso online, treinamento em modelos plásticos, e o que foi realmente inovador nesse modelo de treinamento foi o modelo prático de vivência do Método: AS MEGACLÍNICAS. Nesse modelo, os “treinandos” vivenciaram o atendimento de crianças em diversas fases do tratamento, e discutiram, com seus mentores, todos os aspectos do tratamento. As megaclínicas ocorreram nos hospitais que sediaram o evento, nas 5 cidades onde ocorreram as 5 fases (o HSPE foi o primeiro “host”, em São Paulo, além do HC FMUSP e o Hospital Universitário da USP), e médicos locais ajudaram, constituindo o “grupo de apoio”.

Muitos desses médicos também se envolveram na implantação de clínicas de referência. As clínicas de referência são unidades SUS que podem ser hospitais da linha secundária ou terciária de atenção que tratam de forma eficaz e eficiente crianças com pé torto. Essas clínicas funcionam pelo menos um período por semana, e permitem que os profissionais tenham maior volume de casos, e que os pais das crianças em tratamento se encontrem, e troquem conhecimento, funcionando como um reforço positivo para seguirem com o tratamento. 38 das 52 clínicas propostas foram realmente implantadas (73%). Estas, somadas às clínicas dos mentores (mais 10), mais 15 do seminário extra em S Paulo, e mais 17 clínicas dos médicos que apoiaram o evento formam o total de 80 clínicas formadas. O grupo inicial de médicos foi ampliado nesse programa: passou de 15 mentores para 158 colegas ativamente trabalhando no tratamento de pé torto e aplicação correta do Método Ponseti no Brasil.

Esses colegas reportaram cerca de 6 mil crianças com pé torto tratadas no último ano, o que é capaz de tratar a demanda de 4 mil crianças nascidas ao ano em nosso país. No pré congresso de encerramento do Programa Erradicando o Pé Torto no Brasil, realizado no Hospital Sarah, em Brasília, no dia 15 de novembro, o Secretário Executivo do Ministério da Saúde, Dr Swedenberguer Barbosa fez a abertura, com a promessa de trabalharmos juntos para a validação e oficialização da rede de clínicas de referência para o tratamento do pé torto na rede pública criada por esse programa, com uma política pública para o tratamento de crianças com pé torto. Após a apresentação do Brasil, 12 países apresentaram os resultados de seus programas nacionais, (Argentina, Colombia, Mexico, Bolívia, Peru, Chile, Nicaragua, Venezuela, Paraguai, Guatemala, Republica Dominicana, e Uruguai).

Em 2022 e 2023 fizemos os simpósios de avaliação do Programa, com 5 visitas regionais para apresentação dos resultados de cada clínica formada, (em Recife – Hospital Getúlio Vargas; Belém – CIIR – Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação; Campo Grande – Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian HUMAP-UFMS; Porto Alegre – Hospital Cristo Redentor Grupo Hospitalar Conceição GHC, e Rio de Janeiro – INTO Instituto Nacional de Traumato Ortopedia), e também incentivamos a participação de colegas que não participaram dos treinamentos, mas queriam ampliar a rede pública de atenção ao pé torto congênito.

As crianças brasileiras agradecem, e os ortopedistas brasileiros estarão orgulhosos de uma rede eficiente para a atenção ao pé torto congênito na rede pública.

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Publicado

2024-02-20

Como Citar

1.
Nogueira MP. Um ano feliz para as crianças com pé torto no Brasil Programa Erradicando o pé torto não tratado no Brasil – do HSPE para o Brasil. RTO [Internet]. 20º de fevereiro de 2024 [citado 19º de setembro de 2024];23(4):1-2. Disponível em: https://rto.emnuvens.com.br/revista/article/view/446