O Paciente e a Informação

Autores

  • Monica Paschoal Nogueira Hospital do Servidor Estadual de São Paulo

Resumo

H oje, a informação em saúde está acessível a todos; com a universalização da internet, os pacientes têm como saber mais sobre sua condição de saúde e os tratamentos propostos. O paciente que ia ao seu médico confiando-lhe a poderosa missão de tudo saber sobre seu diagnóstico e depois aceitando todas as propostas terapêuticas sem muito perguntar não existe mais. Por um lado, ainda bem, porque eles são aliados na procura profissional da melhor investigação sobre sua condição e parceiros também na discussão de suas propostas terapêuticas. A abordagem professoral da medicina, onde só o médico sabe tudo, e o paciente nada, e nada contesta, não é boa. Por outro lado, os profissionais da saúde agora ficam questionados em relação à toda sua estratégia de busca diagnóstica e também se realmente o tratamento proposto é a melhor opção. A busca por diversos profissionais e a segunda, ou terceira ou quarta opinião é comum, assim como também a “escolha” do profissional que fizer o que o paciente demanda. Isso não é bom para nenhuma das partes. A medicina está difícil; no mercado estão milhares de profissionais com formação duvidosa, e alguns até com desvios ético-profissionais importantes. Esses acabam na mídia, nos escândalos envolvendo sequelas permanentes ou até morte de seus pacientes. Numa sociedade onde muitas vezes as pessoas constroem identidades baseadas nos perfis das redes sociais, é muito difícil achar um profissional em quem confiar. A informação é uma ferramenta importante, mas sempre haverá espaço para que o bom profissional possa fazer uma relação médico paciente construída numa relação de “cuidar bem”, mesmo nos dias de hoje. O paciente também valoriza uma opinião sincera, uma carreira construída de tijolinhos bem assentados, um a um, na prática da boa medicina. O paciente valoriza um desabafo, um insucesso compartilhado, a honestidade nas relações pessoais. Valoriza a dedicação, o esforço em sempre oferecer o melhor tecnicamente, a atualização. E nesses valores, a telemedicina não ganha. Acreditar nisso, nos faz médicos que valorizam a humanização da relação médico-paciente, e que continuam a fazer a medicina apesar de todos os desafios.

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Biografia do Autor

Monica Paschoal Nogueira, Hospital do Servidor Estadual de São Paulo

Chefe do Grupo de Ortopedia Infantil e Reconstrução Serviço de Ortopedia e Traumatologia do HSPE, São Paulo, SP, Brasil

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Publicado

2018-08-09

Como Citar

1.
Nogueira MP. O Paciente e a Informação. RTO [Internet]. 9º de agosto de 2018 [citado 19º de setembro de 2024];18(3):1. Disponível em: https://rto.emnuvens.com.br/revista/article/view/190

Edição

Seção

Editorial